07 março 2009

 

isto não me está a acontecer

Sempre tive um fraco por pop manhosa. Dantes era a Kate Bush, a Blondie, a Suzanne Vega, pelo meio foram os Roxette, Til Tuesday (mais a Aimee Mann propriamente dita), mais recentemente as Au Revoir Simone, que eram quase a única coisa popzinha que ouvi na fase mais recente de metal nórdico.

Esta semana aconteceram-me os Rosie and the Goldbug e uma coisa chamada Lover. Já não tinha uma faixa em repeat 3 horas há uns anos bons, e não tenho a certeza se me faz bem. Ainda nem percebi se a banda é péssima ou excelente, de atordoado que estou. Pior: sei porque estou assim, e não é da música. Walking on air sem razão nenhuma, sei o que isso dizer. Já não andava assim há uns oito ou nove anos, não assim…


 

que é que eu ando a fazer ao tempo, pá?

Três anos depois,

  1. Ainda não fui a Montalegre
  2. Não fui à corrida dos sofás da Vodafone
  3. Este ano parece que não há CLP
  4. O Pandora está bloqueado para não-americanos

Em compensação, nasceu o meu filho mais novo, a mais velha está linda, o meu trabalho é giro e corre bem.

É muito, e provavelmente é o que mais interessa, mas tem dias em que sabe a pouco. Falta o resto, falta o sal e o açúcar. Há dias em que um homem acorda e percebe que não interessa nada andar por aí a ameaçar-se que vai mudar de vida. Um dia pega em si, chega lá e muda. Pode não ser a única, mas foi sempre a melhor maneira.


02 maio 2006

 

Quero ir andar de sofá

A época balnear já começou, e o tempo tem acompanhado.

Eu ando mais por casa com gripe que outra coisa, mas pode ser que a coisa se componha até ao fim-de-semana. E como a neura só é boa para os psiquiatras, que nós-outros não ganhamos nada com ela, temos é de nos divertir, ir para a rua, apanhar ar, que a vida são só dois dias e um deles é hoje.

Sábado terei o distinto prazer de estar como acompanhante na final do Grande Campeonato da Língua Portuguesa, entremeado de generosa feijoada que entendemos organizar na tertúlia bloguista que nos serviu de terreiro à discussão léxica, que logo foi também social e de intervenção, porque este é o fado deste povo.

Domingo, preciso de arranjar uma equipa para a corrida de sofás da Vodafone. A última que ouvi é que domingo é dia da mãe e por isso é difícil organizar as pessoas, e tal. O que me deu uma idèia luminosa, que não vou obviamente explicar hoje, antes que ma roubem :)

Divirtam-se, e vão à praia.

12 abril 2006

 

grande é a poesia, a bondade e as danças

Pois é, até os melhores poetas do mundo fazem rimas à bruta .

Entretanto, na memepool estavam dois links (um, dois) sobre esta coisa que é ter filhos. O primeiro é bonito, been there, done that, e ainda bem. As pessoas-com-filhos tem esse hábito de dizer às pessoas-sem-filhos "não vais perceber, só vais perceber quando tiveres filhos". Eu achava que percebia, mesmo antes de ter filhos. Treta. Não percebia nada, achava era que percebia. Agora é que percebo.

O segundo é absolutamente fabuloso, há semanas que não lia nada assim, tirando uma coisa ou outra do Pratchett. Bem hajam os senhores da memepool, mesmo não tendo RSS e não dando para acompanhar com o feedreader.

03 abril 2006

 

Esgotos, links e outras coisas assim

Dia negro. Nem perguntem. A resposta envolve esgotos.

Para compensar, encontrei finalmente um site de música na internet que vale a pena.
A coisa chama-se Pandora, e é impressionante. Dizem que têm cerca de 300.000 músicas, de 10.000 artistas, e para variar não é uma rádio com música pré-enlatada.
Funciona de uma maneira parecida com as listas de sugestões da amazon. O utilizador começa por indicar uma música ou um artista de que gosta, e a Pandora - suportada numa tecnologia a que eles chamam "genoma musical" - caracteriza a música de acordo com os vectores em que ela se decompõe, e vai "passando" música do género da que escolhemos. Podem adicionar-se mais músicas como base, para variar um pouco as coisas, e a cada música que passa podemos dizer se gostamos ou não, para ir "afinando" a selecção musical dos senhores.

Em resumo, fabuloso. Só custa é a crer que é à borla... deixa ver por quanto tempo o será.

30 março 2006

 

Campeonato da Língua Portuguesa

Como já vem sendo habitual, aqui estou eu, empenhado, a concorrer a alguma coisa em que não estou inscrito. Desta vez é o Campeonato da Língua Portuguesa, e a inscrita é a minha mulher.

Respondemos ao teste da primeira fase, e fomos apurados para a segunda! Agora temos até ao final desta semana para enviar o teste da 2ª fase. Começámos hoje, e acabámos agora (bela hora). Amanhã será rever, enviar, e confiar.

A iniciativa é brilhante - pôr os portugueses a pensar seriamente sobre a sua língua, a conhecer seriamente as últimas evoluções ditadas pelos acordos e pelos tratados (não fazia idéia que agora havia tantas palavras com hífen, a ser reconhecidas como substantivos per si, e ao mesmo tempo tantas palavras de onde o hífen "desapareceu", pelo menos na versão "moderna" da língua, se bem que continuem, em muitos casos, a estar formalmente correctas (e.g. pré-fabricado). Também aprendi que backup já vem no dicionário, e que os dicionários agora custam trinta contos.

Só lamento que este tipo de iniciativas não conheça grande adesão fora dos círculos académicos e de uma franja que se situa bem acima da fasquia média - senão de cultura, pelo menos de empenho e interesse - da nossa população. É pena, a língua portuguesa merecia mais e melhor amor destes filhos que diariamente a maltratam, a vilipendiam, a prostituem.

16 março 2006

 

Municípios, datacenters e conventos


Os autarcas sempre tiveram bom gosto. Acabo de regressar das Jornadas EDD, evento de divulgação/promoção do Évora Distrito Digital junto da comunidade de municípios do distrito. O evento teve lugar no Convento do Espinheiro, edifício do século XV, nos arredores de Évora, que eu conheci nos anos 70, em péssimo estado de conservação, e que hoje vai convertido - e muito bem - em hotel de 5 estrelas.

O local dá vontade de ir com mais tempo, para revisitar o espaço, num sítio onde chega a ser fácil imaginar que o mundo lá fora parou.

As jornadas foram um sucesso, audiência em quantidades entre o médio e o médio mais, atendendo ao universo limitado de possíveis; qualidade no expectável, afinal quem lá estava sabia o que lá estava a fazer. Falou-se de muita coisa, falei sobre datacenters - a encomenda que levava - e sobre como explicar aos autarcas o dinheiro que é preciso gastar na informática, e porque razões é preciso gastá-lo. Não fiz promessas de que funcione, mas conto com o feedback de quem mo prometeu e me dirá se a receita é por aí ou nem por isso.

E agora durmo, que o meu mal é sono.

 

Évora, a Internet e a Cidadania

Já cá se sabe que não há almoços de borla. A Associação de Municípios de Évora convidou-me para almoçar, mas na verdade o que eles querem é que eu vá às Jornadas EDD: Infra-Estruturas Tecnológicas do Évora Distrito Digital falar sobre DataCenters.

Amanhã direi como correu...

 

cd players na era do mp3

o carro da minha mulher tem um buraco por onde se podem enfiar mp3 que depois tocam no rádio. dito assim parece uma espécie de podcast com rodas mas nao é. é só uma ficha igual à dos fones, se lá ligarmos um gravador de cassetes também funciona, mas eles vendem aquilo como "ficha mp3" e as pessoas compram porque acham giro.
pelo menos tiveram o beau geste de oferecer um iPod à rapariga para ela ter alguma coisa com que enfiar os mp3 lá para dentro. não que ela já o tenha feito... de certeza que conheço pessoas que ligam menos à tecnologia que ela - não me consigo é lembrar de nenhuma assim de repente.

mas assim de repente o buraco dos mp3 é bem melhor que o meu carro, que embirra com CDs gravados. não, não é nenhuma protecção anti-coiso das mais avançadas, é o leitor de CD que é chunga [sic] , mesmo.

e por isso amanhã em vez de passar umas duas horas de caminho a ouvir Jane's Addiction como me apetecia, lá vou eu gramar com outra coisa qualquer. mas antes isso que o rádio do outro, que tem a mania que é nórdico e embirra com os buracos das estradas...

 

you don't have to wear that dress tonight

Estou há 41 horas seguidas a trabalhar e assim de repente lembrei-me da outra que era puta porque queria, que se não quisesse tinha muitas outras coisas para fazer, dizia-nos a vizinha.

Pois eu cá tenho a certeza que há por aí muitos modelos e continentes que me adoravam ter à caixa. Mas eu sou asim porque quero, e não me apetece mudar.

Impertinente? Talvez. Irritante? sempre.

06 fevereiro 2006

 

ma-o-man

Lembro-me, aí há muitos anos, de ter iniciado uma série de comic-strips (nunca acabada, nunca continuada) com o fantástico herói Ma-O-Man, acompanhado de perto pelo seu inesgotável sidekick, o pássaro Á-Lá.
Por alguma razão, desenhei as três ou quatro primeiras strips e nunca continuei; afinal vejo agora que isto é tudo direito por linhas tortas, e mal sabia eu de que me livrava, cedendo outra vez à preguiça quotidiana do "eu um dia acabo isto". Afinal, tivera eu perseverado, e era hoje à minha porta que se punham essas bombas em forma de turbante, e eram hoje os meus vizinhos a fazer esse papel de embaixada-da-suécia e a dizer "não, não, pois vejam bem, pois isto aqui ardeu tudo mas de certeza que não era nada connosco, não vamos lá levar a mal, ora coitados dos rapazes".

Essa espécie de pre-scientia, (omnisciência avant-la-lettre, sem Google nem nada, na altura em que "moderno" ainda era o X.25) evitou-me todo o mar dos dissabores que os crentes reservam para o ímpio, o infiel, esse que ofende sem pensar, mesmo sem querer ofender.

Até eu, que tanto me reservo, caí pois nessa tentação luciferina de representar o sagrado com a barba por fazer e uma t-shirt com um M maíúsculo, de achar que o sagrado voa e tem poderes como os X-Men. E se pintar o falecido com um simples turbante-que-faz-buum dá azo a tudo o que se vê e que se diz, que não fariam ao selvagem que o pintou de óculos escuros e uma capa-estilo-superman (símbolo extremo da condenável ocidentalidade, réstia esvoaçante do infame capitalismo, pois).

Dizia-me a minha mãe que "não deixes para amanhã o que puderes fazer hoje". Mas olha, mãe, desta vez, ainda bem que o entonteante ma-o-man entrou nesse dia na gaveta e, por preguiça, nunca mais de lá saíu.

13 janeiro 2006

 

epi niu ier

maus vão os tempos quando o ano novo e os seus votos chegam numa sexta-feira treze.
mais ainda quando aquilo que eu queria era ter ido a Montalegre e a esta hora já lá estar - mas nem fui nem vou, mais pelo tempo e pela distância que por outra coisa, ainda são 462km e será difícil arranjar quorum lá em casa para uma estopada destas. pois é, é à conta do quorum que de um momento para o outro se deixa de fazer tanta coisa.

desejos para este ano, para além de Montalegre e do euromilhões, não me lembro de grande coisa - a maré não anda fácil para o lado do pedir, tanto que um homem até já se desabitua. podia ir pelos lugares comuns do habitual e português costume, mas isso quer-se todos os dias, não é coisa para lembrar nem ao diabo na passagem de ano. foi mais um, haverá outros, para o ano cá estamos, se não estivermos estarão outros a lembrar-se de nós - ou não. para os que para aqui estão e por cá ficam, happy new year.

01 novembro 2005

 

três vezes nada

E se ainda há quem se importe, se ainda há quem pense que viver é mais que andar e que comer, que leiam isto, e que pensem porque diabos nos andamos todo o dia a perseguir uma espécie de avanço que só faz é afastar-nos dos demais. e eu a dizer isto, logo eu, que não embarco em confusões, que nunca alinhei em excursões nem papo grupos. mas há coisa que nos fazem pensar, espécie de pontos-e-vírgula na vida, não?

18 outubro 2005

 

Tenho sono como o frio de um cão vadio

Isto disse Campos, engenheiro naval com saudades do futuro.
Repito-o, com toda a força que resta, mas a vontade é sacar da chave de fenda e entalhar em letras gordas na mesa que "Aqui estuvo el Manolo en vísperas de ir al patíbulo". Sim, que nada disto é fácil, viver neste jardim-canteiro-aterro.

Passei três minutos a ler blogs de juízes desta terra, e acabei ainda mais deprimido do que tinha começado. A desgraça dos outros nunca me consolou, muito menos agora.

Podem correr as cortinas, que eu já durmo?

14 outubro 2005

 

Afinal não somos só nós!


Os "europeus" também metem água, e a imbecilidade não é um exclusivo nacional.

Os soberbos ingleses também se enganam, e aos sempre superiores franceses também lhes enfiam o barrete, pelos vistos.

Em causa está um simples e singelo sistema de venda de bilhetes na bonita cidade de Grenoble, França, daqueles com menus em várias línguas, onde, pasme-se, ao seleccionar a língua Inglesa o sistema sofre de um distúrbio de personalidade e nos dá as boas vindas ao Croydon Tramlink e se desafz em simpáticos votos de boa viagem. O problema é que o Croydon Tramlink é em Londres, e não em Grenoble, alguém se esqueceu foi de avisar o sistema...



Das duas uma, ou isto foi um inglês que se armou em preguiçoso, e um francês que pensou "testes? quais testes?", ou então tanto um como outro afinal são é portugueses, fruto desta diáspora obreira que, pelo menos, já aprendeu a ir fazer asneira é para os sistemas dos outros...

10 outubro 2005

 

entre ladrões e ladrões, ladrão

cito Guillén, cubano, trazido à memória por Jerónimo de Sousa, e recordo (das partes que Jerónimo não cita)... Yo, que amo la libertad con sencillez, como se ama a un niño...

os ladrões voltaram porque a "maioria" os quer. onde andas tu, velho BB, que é altura de demitir este povo e eleger um novo...

09 outubro 2005

 

Autárquicas 2005

só nestas, é verdade, só nestas cada cor é convidada a definir o que é vencer.
nem outras fazem tanto - só estas - contraponto à contradança do poder.
nem nunca em nenhumas como estas foi tão claro que os carneiros vão pastando por onde cheira a comer.

08 outubro 2005

 

Ideia do Mês - Votos em Branco com Mandatos

V. Vasconcelos Raposo explica no Expresso desta semana uma ideia brilhante: dar a plena relevância e significado aos votos em branco, convertendo-os em mandatos, obviamente não preenchidos. Isto, digo eu, e apenas isto, dignifica o gesto de votar em branco e lhe dá o pleno significado expresso pelo eleitor.

Além do óbvio significado político, este gesto permite que o voto em branco se transforme numa medida de contenção orçamental, uma vez que cada lugar vazio é menos uma sanguessuga a extorquir salários e pensões e mordomias ao orçamento que, eles mesmos o dizem, anda nas ruas da amargura.

E isto sim, permitira a inversão do ciclo crescente de abstenção, mostrando que afinal os 40% que não votam não se estão nas tintas para a política, estão-se é nas tintas para os políticos.

Agora só falta o mais difícil, que é passar da ideia á prática. Seria quase infantil esperar que fosse a própria corja, digo, classe política a implementar esta alteração. Que tipo de movimento de cidadãos será preciso para isto acontecer? Abaixo-assinado? Manifestação? Revolução?

29 setembro 2005

 

e falta sempre alguma coisa...

pois é, o post anterior era sobre estátuas de sal, mas faltou isso, pois isso mesmo...

se o senhor doutor decidiu que basta da sodoma da política, que não venha agora olhar para trás e dizer que se arrependeu.

continuo à espera de ouvir anjos, ou arcanjos, ou serafins ou coisa que o valha dizer numa voz off cavernosa "o senhor aí do fundo, esse senhor gordo, da camisa branca, sim você, transforme-se lá numa estátua de sal, se faz favor"

28 setembro 2005

 

transformem esse senhor aí do fundo

um homem, supostamente decente, supostamente íntegro e honrado, vem a terreiro sem ninguém lhe perguntar e diz que basta. isto há pouco mais de seis meses. e repete, que "basta, e que nem política partidária, nem execução de cargos públicos".

e não fui só eu que ouvi.


e o mesmo senhor ainda há quatro meses dizia na SIC Notícias que "sou uma pessoa que teve um papel na política portuguesa, mas que hoje já não tem", e outras considerações do género.

e agora de chofre vem dizer que não, que afinal não basta. que agora em vez de se ir "dedicar à família", como dizia no seu 80º aniversário, apetece-lhe outra vez ser presidente, talvez porque ainda ache que vai derrotar o outro, o arqui-inimigo (sim, que o senhor em questão parece cada vez mais dado a este tipo de grandiloquências dentro da sua cabeça).

pois olhe, afinal tinha razão no "basta". mas para mim é que basta. basta de o aturar com as suas irreverências, com a sua mania de se pôr a falar com grande prosápia de coisas de que não sabe nada, de vir num dia dizer que não percebe nada de economia e no seguinte armar-se em neo-keynesiano.

basta, senhor doutor mário soares. eu, como muitos outros, não vamos votar em si, de maneira nenhuma, para cargo nenhum. porque o seu tempo, senhor doutor, acabou. e o ponto final foi o senhor quem o pôs. não venha tentar meter post-scriptums à pressão, que já não há pachorra para o aturar. pois, pois, eu sei, post-scriptum, PS, partido socialista, o senhor achou que era um trocadilho giro vir agora com isto depois do ponto final, e etc.

olhe, deixe essas graçolas para os seus netos, está bem?

aqui trata-se de um país, de gente, com vidas, e perspectivas, e ambições.
que precisam de quem os queira ver crescer, e não de quem venha a terreiro por pirraça ou por capricho ou por graçola, a brincar aos postescritos porque rima com pê-ésse.

pare de ser irritante, vá à sua vida, e apareça de vez em quando para mandar umas larachas ou umas francesadas macarronadas para a gente se rir um bocadinho.

não pense que não o respeito, talvez até por o respeitar tudo isto me incomode mais.
sabe, é que o sentido do tempo próprio para cada coisa, tem todo o significado do mundo.
e nesta altura já nem sei se admiro mais o que o senhor doutor foi, ou se me irrita mais o que o senhor doutor é.

21 setembro 2005

 

irritante: afinal onde é felgueiras?

há países e há países. neste, basta ter uns amigos e fugir antes que a polícia apareça para se poder andar dois anos foragido para que o que antes era prisão preventiva agora passe a termo de identidade e residência. e com base em quê? pois é, já não há perigo de continuação da actividade criminosa, porque a senhora já nem está em funções. e se se candidata, e se é eleita? prende-se nessa altura, para evitar a continuação da dita? e também parece que já não há risco de perturbação do inquérito, que esse até já acabou. o que não houve ainda foi julgamento, e entre o inquèrito e o julgamento muita gente se desdiz e contradiz; isso já não deve haver perigo nenhum de a senhora interferir; e os outros nove ou dez casos em que a mesma empresa está envolvida, também presumo que a senhora não possa interferir nesses inquéritos, pois não. e quanto ao mais ridículo de tudo, o perigo de fuga. pois, já não há perigo de fuga, a senhora até voltou pelo seu pé. ao raio que os parta. tanto existe perigo de fuga que ela até andou dois anos fugida. se se prende tipos que juram a pés juntos que não fogem para lado nenhum, como é que se deixa solta esta que é de má catadura, se não fosse não andava dois anos fugida a desobedecer a um juiz de instrução que a queria ver cá e presa.

e acima de tudo, a questão moral. eu sou cidadão e quero lá saber se o legislador se esqueceu de escrever no código penal que saber que há um mandado de captura contra nós e pura e simplesmente se estar nas tintas, alegremente fugido para o estrangeiro, não constitui crime autónomo. se a lei à portuguesa é isto, acabem com o código penal e façam a lei à inglesa, com base na jurisprudência. juiz nenhum com dois dedos de testa e uma pinga de sangue a correr-lhe nas veias deixava passar uma coisa destas em branco. decidia em consciência e pelo menos a justiça evoluia já; não tinhamos de esperar mais não sei quantos anos que venha o senhor legislador do alto da sua torre de marfim lembrar-se de todas as coisas malandras que as fátimas deste mundo podem fazer.

aos políticos, tenham a coragem e a decência de acabar com esta palhaçada de sistema judicial e legislativo que temos. parem de se armar em rapunzéis legisladoras, abram os olhos e os ouvidos: a justiça, meus senhores, é cá em baixo, e é todos os dias.


aos cidadãos, protestem, porra. parem de pensar "não é comigo, quero lá saber". é sempre "comigo", cada um somos, afinal, todos nós.
irritante, este país, todos os dias. pensem mas é nisto quando tiverem os papéis nas mãos, o verde, o amarelo e o branco.

20 setembro 2005

 

disciplina, pois

afinal não está nada criada a disciplina para o manter; mero trompe l'oeil que a espuma dos dias dissipa. pois.

19 setembro 2005

 

irritante, todos os dias

há anos que me irrita o facto de não conseguir manter um blog actualizado.

hoje está reunida a disciplina para o manter, e identificado o leimotiv que lhe pode dar alicerce. ao contrário dos americanos, na europa sabemos soletrar palavras com mais de duas sílabas. por isso este blog vai buscar o nome a nenhuma palavra de quatro letras, mas a uma de quatro sílabas - quatro. irritante. todos os dias.

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