21 setembro 2005

 

irritante: afinal onde é felgueiras?

há países e há países. neste, basta ter uns amigos e fugir antes que a polícia apareça para se poder andar dois anos foragido para que o que antes era prisão preventiva agora passe a termo de identidade e residência. e com base em quê? pois é, já não há perigo de continuação da actividade criminosa, porque a senhora já nem está em funções. e se se candidata, e se é eleita? prende-se nessa altura, para evitar a continuação da dita? e também parece que já não há risco de perturbação do inquérito, que esse até já acabou. o que não houve ainda foi julgamento, e entre o inquèrito e o julgamento muita gente se desdiz e contradiz; isso já não deve haver perigo nenhum de a senhora interferir; e os outros nove ou dez casos em que a mesma empresa está envolvida, também presumo que a senhora não possa interferir nesses inquéritos, pois não. e quanto ao mais ridículo de tudo, o perigo de fuga. pois, já não há perigo de fuga, a senhora até voltou pelo seu pé. ao raio que os parta. tanto existe perigo de fuga que ela até andou dois anos fugida. se se prende tipos que juram a pés juntos que não fogem para lado nenhum, como é que se deixa solta esta que é de má catadura, se não fosse não andava dois anos fugida a desobedecer a um juiz de instrução que a queria ver cá e presa.

e acima de tudo, a questão moral. eu sou cidadão e quero lá saber se o legislador se esqueceu de escrever no código penal que saber que há um mandado de captura contra nós e pura e simplesmente se estar nas tintas, alegremente fugido para o estrangeiro, não constitui crime autónomo. se a lei à portuguesa é isto, acabem com o código penal e façam a lei à inglesa, com base na jurisprudência. juiz nenhum com dois dedos de testa e uma pinga de sangue a correr-lhe nas veias deixava passar uma coisa destas em branco. decidia em consciência e pelo menos a justiça evoluia já; não tinhamos de esperar mais não sei quantos anos que venha o senhor legislador do alto da sua torre de marfim lembrar-se de todas as coisas malandras que as fátimas deste mundo podem fazer.

aos políticos, tenham a coragem e a decência de acabar com esta palhaçada de sistema judicial e legislativo que temos. parem de se armar em rapunzéis legisladoras, abram os olhos e os ouvidos: a justiça, meus senhores, é cá em baixo, e é todos os dias.


aos cidadãos, protestem, porra. parem de pensar "não é comigo, quero lá saber". é sempre "comigo", cada um somos, afinal, todos nós.
irritante, este país, todos os dias. pensem mas é nisto quando tiverem os papéis nas mãos, o verde, o amarelo e o branco.

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